quarta-feira, 13 de julho de 2011

Aprendendo a pensar com o corpo:



Trabalhando em escolas de Educação Infantil há quase 15 anos comecei a perceber a carência de movimento dentro da sala de aula. O movimento ficava centrado para as aulas de Educação Física ou Expressão Corporal, isto quando a Grade de Aula da Escola oferece Educação Física, o que agrava ainda mais este fator, pois o movimento fica restrito a hora do parque sem orientação direcionada! Ao ler um artigo da Mestre Marcia Strazzacappa "Educação e a Fábrica de Corpos: a Dança na Escola" resolvi desenvolver um projeto com as professoras e diretoras de uma escola de Educação Infantil em que atuo, pois percebia o quanto estas professoras tinham dificuldades em lidar com a questão corpo, o corpo do aluno, a necessidade de movimento dos seus alunos e consequêntemente não conheciam seus próprios corpos e a necessidade de movimento dos mesmos.
E porque escolhi a Educação Infantil? A justificativa é simples e óbvia, uma vez que é justamente nesta fase que a criança mais absorve conhecimento para formação de sua personalidade.

O projeto foi dividido em três etapas e teríamos dez meses para concluí-lo.
Na primeira etapa foi elaborado um questionário ao qual elas responderam com o objetivo de detectar o conhecimento sobre o tema, assim como as suas dúvidas, opiniões, dificuldades e necessidades, o que daria base para a elaboração da próxima etapa. Este questionário foi dissertativo, com 18 perguntas sobre formação acadêmica, educação física, dança, educação infantil, papel do professor, onde elas puderam responder em suas casas e tendo os seus resultados copilados em informações comuns e discrepantes.

Na segunda etapa, realizamos quatro encontros para que pudéssemos discutir debater, refletir e opinar sobre as diversas temáticas relacionadas com a Dança e também com a Dança na Educação Infantil, para que construíssem novos olhares e saberes, e conseguissem findar seus compromissos educacionais de uma maneira mais transformadora. O último encontro foi uma vivência corporal, na tentativa de fazê-las entender corporalmente este novo pensar.
A terceira etapa foi uma entrevista individual com as professoras para verificar se o presente trabalho contribuiu para um melhor aproveitamento, crescimento e desenvolvimento profissional delas e assim do processo de aprendizagem do aluno.

Após o questionário em mãos e com suas respostas pude preparar a Segunda Etapa com temas diversificados para cada encontro, sem fugir do que realmente buscávamos que era entender a corporeidade dos alunos. Os temas deram o que falar e quantas coisas juntas descobrimos sobre nossos alunos, sobre a visão que temos deles, dos corpos e mentes deles, do quanto agente sem querer e muitas vezes sabendo, dicotomizamos isto, o corpo da mente, e principalmente como não entendemos os nossos corpos, a nossa necessidade de movimento e o quanto agente se fecha para o movimento.
Mas o mais importante foi vê-las se descobrindo, questionando o corpo, a falta de movimento, a vergonha de se exporem, já que elas eram de idades muito diferentes (22 á 60anos), realmente posso dizer que foi uma lição de vida para elas e também para mim.
No nosso último encontro após termos discutindo sobre inúmeras questões que as fizessem redimensionarem suas práticas pedagógicas através da linguagem Dança, foi feito uma aula prática sobre vivenciar a Dança onde elas ali, puderam se soltar, se emocionar, e realmente sentir seus corpos agora não mais como algo separado da mente, mas como um todo, um corpo que fala, que pensa, que sente, que age que interage e que não tem limite quando o assunto é movimentar.

Quarto Encontro: Vivenciando o corpo



Aula Pratica



Na entrevista pude ver o quanto elas aprenderam a entender o movimento e o quanto a Dança é rica para este entendimento, e agora tinham em mãos mais um elemento para poderem fazer de suas aulas algo ainda mais prazeroso, emocionante e de fácil entendimento para as crianças. E com certeza, a participação delas nos eventos da escola só aumentaram e se intensificaram, pois perceberam que aquilo lá não era apenas um passatempo para as crianças, mas algo que contribuiria para toda vida escolar e pessoal destas crianças e porque não na vida delas mesmo. Definitivamente elas entenderam o que era o Pensar agora com o Corpo todo.


Momento de ver o resultado!!!









Nani Chefaly, professora efetiva de Educação Física no estado de SP, especializada em Dança Educacional, bailarina formada pela Royal Academy Dance, Técnica em Recreação Coreográfica, Diretora Artística e Cultural das escolas em que atua e criadora do BLOG FAZENDO DANÇA NA ESCOLA. (www.fazendodancanaescola.blogspot.com)

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